Monday, September 29, 2008



OUVIDO ÚNICO





Quando falamos de ouvido único, geralmente referimo-nos a qualquer condição patológica em que um dos ouvidos deixou de funcionar, com os inconvenientes daí resultantes como a falta de esteriofonia e de capacidade de localização dos sons. Mas aqui queria fazer referência ao único ser vivo conhecido que tem apenas um ouvido, que se localiza no torax, o que também é único. Localiza-se mais propriamente na linha média ventral do metatorax, compreendendo uma câmara auditiva, dois tímpanos e quatro órgãos sensoriais; a sua sensibilidade auditiva ultrapassa frequências superiores a 20.000 Hz ou seja uma audição ultrasónica. Este ouvido está sintonizado para frequências de 25-60 KHz com limiares de 55-60 dB que é o alcance da ecolocação dos morcegos o que suporta a evidência que os louva-a-deus usam a sua audição como uma defesa contra os predadores.

"Alguns ouvem com as orelhas, outros com o estômago, outros com o bolso e alguns, simplesmente, não ouvem"
Khalil Gibran

Saturday, September 27, 2008


NÉMESIS II




Não era da némesis copépode que eu estava a pensar, antes de olhar para o dicionário, mas da verdadeira Némesis, deusa grega da ética. Nêmesis representa a força encarregada de abater toda a desmesura (Hibrys), como o excesso de felicidade de um mortal, ou o orgulho. Essa é uma concepção fundamental do espírito helênico: "Tudo que se eleva acima da sua condição, tanto no bem quanto no mal, expõe-se a represálias dos deuses. Tende, com efeito, a subverter a ordem do mundo, a pôr em perigo o equilibrio universal e, por isso, tem de ser castigado, se se pretende que o universo se mantenha como é". Nêmesis é também chamada "a inevitável". Actualmente, o termo némesis é usado para descrever o pior inimigo de uma pessoa, normalmente alguém ou algo que é exatamente o oposto de si mas que é, também, de algum modo muito semelhante a si. Por exemplo, o Professor Moriarty é frequentemente descrito como a némesis de Sherlock Holmes. É algo como o seu arqui-inimigo, algo que o anula, mas nutre-lhe um grande respeito e admiração. Considerada também por alguns como deusa da vingança ou como a personificação da indignação moral. Como exemplo da acção de Némesis, temos a história de Narciso, que era o belo filho do rio Cephissus e da ninfa Liriope e era tal a sua beleza que as mulheres olhavam uma vez para ele e logo se apaixonavam; o vão Narciso só tinha olhos para si próprio e rejeitava todos os admiradores. Némesis condenou então Narciso a passar o resto da sua vida admirando o seu reflexo nas águas de uma piscina e eventualmente Narciso morreu e foi transformado na flor que tem o seu nome. Também chamada Andrasteia ou Rhamnusia, devido ao seu santuário em Rhamnus na Ática, onde era a defensora das relíquias e memórias dos mortos, do insulto e da injúria; na mitologia grega é o espírito da retribuição divina e da fé vingativa, personificad por alguns por uma deusa sem remorsos.


"Não há maior vingança do que o esquecimento"
Baltasar Gracián y Morales


NÉMESIS







Némesis, s. f. Zool. Género de crustáceos copépodes da família dos Diquelestiídeos. É esta a definição no Grande Dicionário da Língua Portuguesa (1981). Mas o que são afinal os copépodes: são nem mais nem menos o grupo de organismos pluricelulares mais abundante no planeta, superando em número de indivíduos até os insectos; podem formar agregações com densidades superiores há 11000 indivíduos por litro; possuem de 1 a 5 mm de comprimento e um olho naupliano mediano típico na maioria (seja lá o que isto for).



"Mesmo quando eu estava em multidão, eu estava sempre sozinho"
Ernest Hemingway

Friday, September 19, 2008



RELÓGIO DE SOL





Conforme podemos ler na Wikipedia "Um relógio de sol mede a passagem do tempo pela observação da posição do Sol. Os tipos mais comuns, como os conhecidos "relógios de sol de jardim", são formados por uma superfície plana que serve como mostrador, onde estão marcadas linhas que indicam as horas, e por um pino ou placa, cuja sombra projetada sobre o mostrador funciona como um ponteiro de horas em um relógio comum. A medida que a posição do sol varia, a sombra desloca-se pela superfície do mostrador, passando sucessivamente pelas linhas que indicam as horas." O gnómon é a parte principal do Relógio de Sol que serve como ponteiro e possibilita a projecção da sombra e terá tido origem na antiga babilónia.


Apesar de ser um objecto actualmente pouco utilizado existem bastantes exemplares em Portugal, de que deixo aqui um exemplo ilustrativo e um site interessante sobre o assunto (http://www.cienciaviva.pt/rede/himalaya/home/guia5.pdf)

"O tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel"
Platão

Sunday, September 14, 2008


PASSION FRUIT


Sempre me intrigou um pouco a origem deste nome, que também é dado ao maracujá. Passiflora edulis / P. edulis flavicarpa da família das Passifloraceae. Será pelo nome - passiflora / passion fruit? Não me parece. Então porque será? Vamos às propriedades medicinais: o sumo, mas especialmente as folhas contêm alcalóides que baixam a pressão arterial e têm ação sedativa e antiespasmódica. A flor é um sedativo e ajuda a induzir o sono; tem também sido utilizada no tratyamento da asma, insónia, problemas gastrointestinais, problemas da menopausa e até mesmo como alucinogénio. Os seus carotenóides e flavinóides podem ter também um efeito anticancerígeno. Com a chegada dos europeus à América do Sul o maracujá foi introduzido na Europa e as suas folhas foram utilizadas medicamente pelo seu efeito sedativo. O nome de Passio Fruit foi dado pelos missionários católicos da América do Sul, o que eu pessoalmente acho um pouco estranho porque esses missionários seriam portugueses ou espanhóis... A corona da flor seria vista como a coroa de espinhos, as cinco stamina como as cinco feridas de Cristo, as cinco pétalas e as cinco sépalas como os dez apóstolos (excluindo Judas e Pedro); e os três estigmas como os nós na cruz. Desenganem-se pois aqueles que quereriam achar uma outra dimensão da fruta da paixão; para esses deixo-lhes a letra de Passion dos Passion Fruit:

"P.A.S.S.I.O.N.Yes, we do the best we can P.A.S.S.I.O.N.That means passion, man El bacho, el bachoSo give me the bassQue pasa, que pasaWe will rock your placeGet busy, get busySo, give me the bassMe besa me besaLipstick on your face Venga con migoOla ola amigoUhu caballeroOla ola te quiero P.A.S.S.I.O.N.Yes, we do the best we can P.A.S.S.I.O.N.That means passion, man (2x) "


"Quando a paixão entra pela porta principal, a sensatez foge pela porta dos fundos"

Thomas Fuller

Saturday, September 06, 2008


ÍRIS


Íris, Zool. Género de insectos ortópteros, cursórios, da família dos mantídeos, representado na fauna de Portugal, vulgarmente conhecido pelo nome de louva-a-deus. O louva-a-deus, cientificamente chamado Paratenodera aridifolia, é um animal deveras curioso e desde logo no nome, que lhe advém de ser um predador paciente que geralmente passa horas à espera de uma vítima, unindo as patas dianteiras, como se estivesse a rezar. Vou enumerar algumas dessas curiosidades deveras curiosas:


Talvez por estas curiosidades, O Grande Dicionário da Língua Portuguesa, termine a sua referência ao louva-a-deus // Obs. Não se justifica o uso dete vocábulo no género feminino.


"Atiramos o passado ao abismo, mas não nos inclinamos para ver se está bem morto"


William Shakespeare



ARCO-ÍRIS


Íris, s. m. (do gr. iris, pelo lat. iris. O espectro solar // Meteoro atmosférico em forma de arco que oferece cores variadas, e que está sempre colocado no lado oposto do sol.; vulgarmente arco-da-velha. Fig. paz, alegria, promessa de felicidade. (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, 1981)

"O nome desfigura as coisas"

Teixeira de Pascoaes

Tuesday, September 02, 2008


St. CROIX DE LA TRAPPE


Estava eu no meu descanso estival, na região de Lafões, e após um passeio junto ao rio Vouga e ao rio Teixeira, chego ao fim da tarde, de um dia de calor a Santa Cruz da Trapa, com o objectivo de refrescar o corpo depois de ter refrescado o espírito. Chegado ao largo principal, sento-me numa esplanada, admirando aquele fim de tarde. Havia qualquer coisa que não me estava a soar bem, qualquer coisa deslocada no espaço ou no tempo, que inicialmente não consegui perceber: algo estava fora do tempo...

Percebi então que todos à minha volta, os que estavam, os que vinham, os que iam, os que passavam, todos falavam uma língua estranha: só se ouvia falar francês. Era estranho, numa vila no coração de Portugal ouvir falar uma língua estranha e isso fez-me recuar no tempo 100 ou 150 anos, numa altura em que porventura também se ouviam outros sons, mas sons portugueses com sotaque brasileiro, como facilmente podemos empreender pelo grande conjunto de casas com "sotaque" que aquela vila apresenta. Voltei ao século XXI e entro no estabelecimento para saber o que poderia comer e diz-me a empregada, esta sim em português de Portugal: quer uma fatia de pizza americana acabada de sair do forno...