Saturday, March 29, 2008


HALIFAX

No ano passado estive em Halifax, no Canadá. Não sabia onde ficava e verifiquei no mapa que era um dos locais daquele país mais próximo da Europa. No final dos dias de trabalho visitávamos aquela cidade marítima na companhia dos colegas espanhóis que nos acompanhavam na viagem. Numa dessas deambulações sou chamado pelo meu amigo Carlos C., espanhol, para admirar um monumento a um navegador português que se encontrava num pontão, junto ao mar e do qual junto uma fotografia tirada na altura. Tratava-se de um monumento a João Álvares Fernandes(1460-1525), navegador Português, nascido em Viana do Castelo. A curiosidade levou-me a conhecer um pouco da vida deste nosso antepassado, talvez mais conhecido no Canadá do que no seu próprio país. Os navegadorers Portugueses não viajaram só para o sul, mas também exploraram o Atlântico norte. Foram exemplos de exploradores destas terras, João Fernandes (que em 1497 baptizou o Labrador) e Gaspar Corte-Real em 1500. Estas viagens iniciais foram seguidas pela tentativa (infrutífera) de João Alvares Fagundes de fundar uma colónia nessa região, em Newfoundland. Álvares Fagundes recebeu do rei D. Manuel I em 1521 o exclusivo do comércio e povoamento das áreas por si descobertas e que correspondiam a parte do costa nordeste das Américas no que são hoje as províncias marítimas canadianas da Nova Escócia, Labrador e Terra Nova.


No ano de 2000 foi erigido este monumento para celebrar a chegada dos primeiros europeus à Nova Escócia no ano de 1520.



"A perseverança é a mãe da boa sorte"
Miguel de Cervantes


Sunday, March 23, 2008

PALEOETNOLOGIA DE LAFÕES



Da obra "Povos antigos de Portugal - Paleoetnologia do território hoje português" de João e Augusto Ferreira do Amaral (Quetzal editores 1997), retiramos algumas curiosidades relativas a topónimos da região de Lafões. A palavra topónimo deriva dos termos gregos τόπος (tópos), lugar, e ὄνομα (ónoma), nome, literalmente, o nome de um lugar. Vamos a alguns exemplos:


Alcofra al qufra de deserta - Árabe


Vouga , vauga ,vauca , uauga , ouákona de torto - Antigo Europeu
Adsamo (Adçamo) , ad de em ou muito e samo igual a verão - Celta


Cambarinho ,cambar , camari de quinta do camaro (cambarinus - antropónimo Celta)


Caramulo , eminência - Antigo Europeu


São Macário , magalio , magalus -Celta



Cambra , calambria , calambriga Celta (Briga igual a colina, cabeço, povoação, castelo no alto dum monte)


Sul ,teónimo Celta


Conclusão: os Celtas andaram por aqui!



"A História é um conjunto de mentiras sobre as quais se chegou a um acordo"
Napoleão Bonaparte

Thursday, March 20, 2008


CIRCUNCISFLÁUTICO III


Voltemos ao tema das amígdalas, que vá-se lá saber porquê, me tem interessado desde já alguns tempos... Falo, convém salientar das amígdalas cerebelosas cuja ablação levará ao recém denominado Síndrome do Circuncisfláutico. É curioso que uma parte tão importante do nosso cérebro seja desconhecida da maior parte das pessoas. a amígdala é um um centro do sistema límbico (cérebro primitivo) que é o ponto central do sistema endócrino e vegetativo. A amígdala é pois especializada nas questões emocionais funcionando como um arquivo da memória emocional; a vida sem amígdalas é uma existência sem significado pessoal e sem afecto: a paixão depende dela assim como a lágrima (excusiva do ser humano). Na arquitectura cerebral a amígdala é também como uma central programada para enviar chamadas de urgência: por exemplo ao mínimo sinal de medo a amígdala envia mensagens que setimulam a secreção de hormonas que desencadeiam a reacção de combate ou fuga e mobiliza os centro de movimento e o sistema cardiovascular; outros sinais vão para a secreção de adrenalina, com os efeitos conhecidos de todos. A amígdala é pois uma sentinela das nossas emoções. Podemos considerá-la como o centro da inteligência emocional tão em moda na actualidade. Estimulemos as nossa amígdalas e não nos deixemos tornar circuncisfláuticos, num país cada vez mais circuncisfláutico.
"A emoção é sempre nova, mas as palavras usam-se desde sempre: daí, a impossibilidade de exprimir a emoção"
Victor Hugo


Monday, March 10, 2008


CIRCUNCISFLAUTICO II


Estava eu a acabar de colocar no ar, ou na rede, ou onde quer que seja o primeiro circuncisfláutico, quando surgiu na minha frente a possível e qiçá provável origem do circuncisflautismo. E tem tudo a ver com as amígdalas, ou para ser mais correcto, com a falta delas. Desenganem-se aqueles, que serão concerteza alguns dos que lêem estas linhas (se é que alguém lê esta coisa), que isto é um problema para ser resolvido pela especialidade de Otorrinolaringologia; pois não é: e porquê? Como diria o outro, amígdalas há muitas: as palatinas, as linguais, as faríngeas e last but not the least as menos conhecidas amígdalas cerebelosas. No latim amygdala, do grego antigo αμυγδαλή, amygdalē, significa "amêndoa", "tendão" ou ainda corpo amigdalóide (do latim corpus amygdaloideum) refere-se a qualquer órgão anatómico em forma de amêndoa. Ora as amígdalas cerebelosas são grupos de células nervosas que, juntas, formam uma massa esferóide (amigdalóide) de com cerca de dois centímetros de diâmetro, situada no lobo temporal do cérebro de grande parte dos vertebrados, incluindo o homem. Esta região do cérebro faz parte do sistema límbico (cérebro primitivo) e é um importante centro regulador do comportamento sexual e da agressividade. É também importante para os conteúdos emocionais das nossas memórias. O mau funcionamento ou a remoção bilateral das amígdalas cerebelosas origina o Síndroma de Kluver-Bucy, caracterizado pela ausência de respostas agressivas, pela cortesia exagerada, pela oralidade e pela hipersexualidade; os indivíduos perdem a capacidade de avaliar uma situação de perigo, ficando impossibilitados de apresentar sinais de medo ao serem confrontados com estímulos adversos. Os indivíduos tornam-se mais dóceis, apresentam baixos níveis sanguíneos das hormonas do stress e apresentam menor probabilidade de desenvolverem úlceras e outras doenças induzidas pelo mesmo. Uma outra consequência é a regressão à fase oral, levando o indivíduo a colocar na boca tudo o que encontra, mesmo coisas completamente inadequadas ao consumo humano. Creio que esta Síndroma de Kluver-Bucy poderia também chamar-se Síndroma do Circuncisfláutico. Se não querem ficar circuncisfláuticos, não deixem que vos tirem as amígdalas... cerebelosas!


"São maus descobridores os que pensam que não existe terra porque só podem ver o mar"
Francis Bacon

Monday, March 03, 2008



CIRCUNCISFLÁUTICO





Desde logo é uma palavra fora do vulgar, que o Dicionário da Língua Portuguesa HostDime define como: adj Hum 1 Que fala rebuscadamente; amaneirado, pretensioso. 2 Misterioso. 3 Sorumbático. Ora parece-me que amaneirado, pretensioso, misterioso e sorumbático não são exactamente a mesma coisa e em alguns casos até parece não ligarem muito bem. Quererá então circuncisfláutico significar tudo isto junto; se assim for será dificil encontrar uma imagem para o caracterizar. Que tal esta?
"Não há beleza perfeita que não contenha algo de estranho nas suas proporções"
Francis Bacon

Saturday, March 01, 2008


ATLÂNTIDA


O mito da Atlântida é um dos que mais paixões tem gerado ao longo dos anos. A mitologia grega diz que Atlântida foi uma poderosa nação cujos moradores eram tão corruptos e gananciosos que Zeus decidiu destruí-la, através de uma enorme inundação. A primeira descrição da Atlântida foi feita na obra "Timeu e Crítias" de Platão (370 A.C.) e, desde então, inúmeras hipóteses têm sido especuladas sobre a sua localização, que segundo Platão ficava para lá das "Colunas de Hércules" (estreito de Gibraltar); alguns historiadores defendem que se tratava não só de uma cidade mas de um continente soterrado no meio do Atlântico, tendo sido proposto que as ilhas dos Açores são os pontos mais altos do que já foi o continente perdido da Atlântida.


Acabei agora de ler um livro muito interessante, chamado "A Terceira Atlântida - As raízes da tradição atlante nos Açores" de Fernanda Durão Ferreira, editado pela Zéfiro em Novembro de 2007. No prefácio da obra, baseada apenas em factos reais e por isso nada especulativa, Fonseca e Costa escreve: "No meio do Oceano Atlântico, numa ilha onde os touros são lidados tal como Platão conta quando descreve a Atlântida, a autora teve notícias do antigo império de Poseidon. Procurados desde sempre por arqueólogos, investigadores e aventureiros, os vestígios do continente perdido estão, afinal, presentes no dia-a-dia dos açorianos. Como uma plataforma no tempo, a Ilha Terceira manteve vivos durante muitos séculos alguns dos usos e costumes dos atlantes descritos pelo filósofo grego."


Não é a primeira vez que os Açores são apontados como os antigos cumes do continente desaparecido: quem não se lembra do Enigma da Atlântida (1955), aventura em banda desenhada de Blake e Mortimer de Edgar P. Jacobs que coloca a Atlântida na ilha de São Miguel. Qualquer dia volto a este tema.


"A parte que ignoramos é muito maior que tudo quanto sabemos"