Friday, June 20, 2008



SURUCUCU





s.f. (do tupi). Zool. Serpente venenosíssima, a mais temível das serpentes brasileiras, que chega a atingir 2,50 m e se distingue das espécies congéneres por ter as escamas do corpo elevadas no meio (também se chama surucucutinga).
A partir do veneno da surucucu foi detectado um poderoso anticoagulante e também anti-tumoral e estão actualmente a decorrer pesquisas para a fabricação de um novo medicamento para combater o cancro.
Símbolo da medicina e da cura. Sinónimo de pavor para muitos. A maior cobra venenosa das Américas é também a grande protectora das plantações de cacau.
Excelente vídeo em:

"O caminho que desce e o caminho que sobe são os mesmos"
Heráclito

Monday, June 16, 2008


ALMINHAS


As Alminhas fazem parte do património artístico-religioso do nosso país. São pequenos altares de culto aos mortos onde se pára um momento para deixar uma oração, sendo um dos vestígios mais importantes da arte popular religiosa de Portugal. É frequente encontrar velas e lamparina acesas, deixadas pelas pessoas que passam no local, ou mesmo flores.

Não se sabe exactamente qual é a sua origem, mas crê-se que tenha a ver com a busca de ajuda divina nos caminhos e encruzilhadas, culto que já vem dos celtas, gregos e romanos, todos eles povos que prestaram culto a este tipo de divindades; mas as alminhas acrescentam mais qualquer coisa, pedem a oração dos que por elas passam, em favor das almas do Purgatório, sendo as primeiras representações artísticas do purgatório e que persistiram até aos nossos dias.
Geralmente, as alminhas são erguidas em encruzilhadas de caminhos (local de reunião de entes sobrenaturais...), quase sempre em caminhos rurais, em matas ou perto de cursos de água, embora também se possa encontrar alminhas junto às estradas nacionais. As alminhas também podem ser incrustadas em velhos muros ou na frontaria de casas e podem ser construídas nos mais diversos materiais.

O seu elemento principal é o painel de retábulo, pintado sobre madeira, estuque, tela, folha metálica ou azulejo, representando os condenados a arder nas labaredas do Purgatório, implorando a misericórdia divina e daqueles que por elas passam.



"Todas as almas são igualmente perfeitas"
Teixeira de Pascoaes

FASCENINAS


Fasceninas, s. f. pl. - composições poéticas ou dramáticas grosseiras e licenciosas, usadas em Fescénia e depois introduzidas em Roma. (Do lat. fescenina, "poesias fesceninas"). Retirado do Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora.

A palavra fescenina teve origem na cidade de Fescénia, na Etrúria de onde provieram poesias impregnadas de licenciosidade ou obscenidade e passaram a ser utilizadas nas bodas romanas..

Alguns exemplos de poetas fesceninos são o português Manuel Maria Barbosa Du Bocage ou os brasileiro Gregório de Mattos e Guerra e Bernardo Guimarães.

A imagem junta é da autoria do arquiteto e artista plástico húngaro Géza Heller (1902-1992) que ilustra o recentemente publicado livro de poesia fescenina "AS MULHERES GOZAM PELO OUVIDO", de Sylvio Back, cineasta-poeta brasileiro.


"O fim da arte é quase divino: ressuscitar, se faz história; criar, se faz poesia"
Victor Hugo

Wednesday, June 11, 2008



D. BEBIANO I





Quem diria, um Bebiano Imperador do Brasil.




"Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bebiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, segundo imperador do Brasil, nasceu no Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1825. Assumiu o trono em 18 de julho de 1841, aos 15 anos de idade, sob a tutela de José Bonifácio e depois do Marquês de Itanhaém.
Em 1843, casou-se como a princesa napolitana Tereza Cristina Maria de Bourbon, com quem teve quatro filhos, dos quais sobreviveram as princesas Isabel e Leopoldina."

"A história é a caixa forte da memória"
Carlo Dossi

Saturday, June 07, 2008


SIMÃO RODRIGUES DE AZEVEDO

Recupero este texto de 1996, que redigi em memória de um IlustreVouzelense, talvez um pouco esquecido na actualidade e que introduziu em Portugal a Companhia de Jesus, que ainda hoje tem um papel importante na nossa sociedade fundamentalmente com o seu papel missionário e acima de tudo educacional, apesar das perseguições de que foram vítimas ao longo dos séculos desde a sua fundação em 1534.


Fundador da Companhia de Jesus e seu introdutor em Portugal, primeiro jesuíta português, introduziu a Ordem em Portugal com bases sólidas, lançando ao mesmo tempo a missão ultramarina.
Nasceu em Vouzela em 1510 e era filho de Gil Gonçalves de Azevedo Cabral e de D. Helena de Azevedo, nobre família.
Em 1527, com 17 anos de idade foi para Paris para a Universidade como bolseiro d'El-Rei, começando por se matricular no Colégio de Santa Bárbara, com seu irmão Sebastião, dedicando-se ao estudo de Humanidades ou Artes, sendo nessa altura Reitor da Universidade de Paris o português André de Gouveia. Matriculou-se na Faculdade de Artes em 1532 e licenciou-se em 1536, tendo-se dedicado então ao estudo da Filosofia e Teologia.
Em 1529, Inácio de Loyola chega ao Colégio de Santa Bárbara e começa a reunir um grupo de amigos que viria a estabelecer os alicerces da Companhia de Jesus. No mesmo quarto habitavam Inácio de Loyola, Francisco Xavier, Pedro Fabro e Simão Rodrigues, embrião da Companhia de Jesus a que se juntaram Diogo Laínez, Afonso Salméron e Nicolau Bobadilla.
Os sete deixaram Paris em 1537, dirigindo-se para Veneza, onde se lhes juntaram Cláudio de Jay, Pascácio Broet e João Codure, que vinham a perfazer o Grupo dos Dez.
A ida para Veneza, em 25/01/1537 prendia-se com a vontade de demandar a Terra Santa, pois era dali que partiam os barcos. Como se não conseguissem os seus intentos foram para Roma em 16/03/1537, onde se puseram às ordens do Papa para que os enviasse às missões que julgasse ser do maior serviço divino.
O encontro com o Papa deu-se no Castel Sant'Angelo, e este, agradado com os ideais de vida e missão do Grupo, satisfez favoravelmente os seus pedidos: a bênção de Paulo III, a licença para peregrinarem à Terra Santa e a autorização para receberem as ordens sagradas das mãos de qualquer bispo, mesmo fora dos tempos costumados, além de lhes dar 260 ducados para a viagem.
Voltam então para Veneza para empreender a viagem. Em 24 de Junho de 1537, recebeu Simão, juntamente com os seus amigos o sacerdócio, continuando a esperar a viagem, que não se realizou, pelo estado de guerra de Veneza com os Turcos.
No dia 15 de Abril de 1539, é fundada a Companhia de Jesus, em Roma.
Em 23 de Agosto de 1539 chega a Roma uma carta de D. João III, interessado e muito empenhado na presença e instalação da Companhia de Jesus em Portugal, o que levou Inácio de Loyola a referir-se-lhe como o "pai da Companhia de Jesus", pois foi de Lisboa que partiram Manuel da Nóbrega, Anchieta, João de Brito e tantos outros que haveriam de levar o Evangelho aos quatro cantos do mundo.
A 17/4/1540 chega Simão a Lisboa e logo se encontra com D. João III, Rei de Portugal, "o primeiro e maior benfeitor, não só da Província portuguesa, mas ainda de toda a Companhia". Pouco depois chega também Francisco Xavier.
Em Lisboa, os dois jesuítas, Simão e Francisco Xavier eram admirados e venerados por todos ao ponto de Simão Rodrigues escrever a Inácio de Loyola em Junho de 1540, que muitos "pensam que beijando nossas roupas beijam relíquias de Santos". O ideal da Índia mantinha-se vivo nos seus corações, lembrando-se que o fundamento que os fez sair de Roma com o mandato de Sua Santidade foi levar o nome do Senhor perante os reis e pregá-lO àqueles que O não conhecem.
A 3 de Abril de 1541 parte Xavier para a Índia na armada sob o comando do novo vice-rei D. Martim Afonso de Sousa. Simão ficou, mas sempre com projectos de missionação futura em paragens distantes.
Ao ficar em Portugal, a sua vocação missionária e de acção, levou a que o fundador da Província portuguesa desenvolvesse um trabalho fundamental e decisivo na implantação e consolidação da Companhia de Jesus no nosso país.
O primeiro colégio dos jesuítas em Portugal foi fundado por Simão Rodrigues em Lisboa, em Santo-Antão e desde o início gozou do maior prestígio.
Em Coimbra é também fundado um colégio junto à Universidade, Colégio do Nome de Jesus, com os bons ofícios do rei D. João III.
É por intermédio de Simão Rodrigues, aproveitando o acontecimento que viria a ser o casamento da infanta D. Maria com Filipe II de Espanha, que se dá a introdução da Companhia de Jesus em Espanha, com o seu amigo Pedro Fabro a que se juntaram muitos jesuítas jovens formados no colégio de Coimbra.
Em 1551 é fundado o colégio dos jesuítas em Évora, embrião da Universidade que é inaugurada em 1559.
Simão sempre alimentou o desejo de ajudar a difundir a Fé no Novo Mundo, mas como diz P. Baltazar Teles na sua "História da Companhia de Jesus nos reinos de Portugal", " conhecendo já o P. Simão que os gravíssimos negócios desta Província de Portugal não lhe davam lugar para cumular os seus grandes desejos de missão no Brasil, resolveu chamar a Coimbra o P. Nóbrega para mandá-lo ao Brasil em seu lugar".
Assim Simão ajudou a espalhar a Fé e a língua portuguesa em todo o mundo até então conhecido e encarregou-se pessoalmente da organização e implantação da Companhia em todo o país, não havendo "parte alguma do mundo, onde tanto prosperasse naqueles primeiros tempos", como escreve Inácio de Loyola em 1551.
Imcompreensões várias e invejas muitas pressionam Inácio de Loyola a libertar Simão do cargo de provincial de Portugal, e assim, no dia 1 de Janeiro de 1552, Simão Rodrigues é constituído provincial dos reinos de Aragão, de Valência e da Catalunha. Em relação à perda que a Província portuguesa sofreu, escreve Francisco de Borja em 1552: "parece que é tirar os fundamentos do edifício pra em breves dias destruir o edificado".
Em Junho de 1553 inicia um exílio de 20 anos em Roma, para onde foi desencantado pelo rumo que a Província portuguesa estava a tomar e mandado por Diogo Mirão, então provincial, a quem Inácio conferiu poder de decidir o futuro de Simão. Aí, Simão foi julgado pelos seus, com base em calúnias e invejas várias, agravadas com o actual desgoverno da Província portuguesa, tendo sido condenado a não mais voltar a Portugal. Pode-se compreender o desânimo e o desgosto sentidos pelo Mestre, mas a sua dedicação à Companhia fizeram-no acatar com "alegria" esta decisão.
Em 1554 consegue alcançar um dos seus sonhos que é visitar a Terra Santa em peregrinação. No seu longo exílio, passou Simão por Veneza, Pádua, Bassano e Génova onde foi superintendente do colégio da Companhia.
Em 1564, Diogo Laínez, então Geral da Companhia, providenciou a sua ida para Espanha, tendo passado por Córdova, Toledo e Múrcia.
Após 20 anos de ausência de Simão da Província portuguesa, esta continuava desgovernada e é assim que em 1573 o P. Everardo Mercuriano, novo Geral da Companhia, compreende o erro cometido anos antes e "ordenou" a Simão Rodrigues que regressasse a Portugal para pacificar a Província.
A Província voltou a prosperar e continuou a sua consolidação e Simão pôde ficar enfim em paz.
Em 1577 termina a sua notável obra "De origine e progressu Societatis Iesu".
A 15 de Julho de 1579, morre em Lisboa , na Casa de S. Roque, onde viveu os últimos anos da sua vida.


"A mim vos digo, me parecem uns Apóstolos"
D. JoãoIII