Wednesday, January 30, 2008




PAREIDOLIA




Voltamos ao vocabulário, e esta não encontrei no dicionário, mas existe.

A pareidolia é um tipo de ilusão ou percepção equivocada, em que um estímulo vago ou obscuro é percebido como algo claro e distinto. Por exemplo, quando alguém vê o rosto de um homem na lua, animais ou caras na forma das nuvens ou uma cara de um velho num qualquer afloramento granítico.
Em circunstâncias normais, a pareidolia fornece uma explicação psicológica para várias ilusões baseadas na percepção sensorial. Por exemplo, explica vários avistamentos de ovnis ou a audição de mensagens sinistras em discos tocados ao contrário assim como numerosas aparições. Em circunstâncias clínicas, alguns psicólogos incentivam a pareidolia como um modo de entender o paciente. O mais famoso exemplo desse tipo de procedimento clínico é o teste de Rorschach.
Pareidolia é a tendência do cérebro humano em reconhecer padrões familiares, tal como rostos.
Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Pareidolia"

Pareidolia deriva etimologicamente do grego eidolon (figura ou imagem) e com o prefixo par (junto a) e é um fenómeno psicológico consistente em que um estímulo vago e aleatório é percebido erroneamente como uma forma reconhecível.

"Frecuentemente el ser humano al observar un objeto, una nube o una mancha, tiende de manera inconsciente, a reconocer en estos objetos con formas caóticas, patrones asimilables a objetos conocidos. Este fenómeno es conocido como pareidolia". Bustamante, 2007. http://rupestreweb.info/hierofania.html
"Diversas obras rupestres y sitios arqueológicos a través del mundo, presentan características que permiten asociarlos con el fenómeno denominado pareidolia . En ellos, accidentes del paisaje, rocas, etc, presentan formas que semejan personas, animales, etc. Parece ser un fenómeno extensivo que podría constituirse tanto en una herramienta de análisis como de contraste de obras y entornos pertenecientes a diversas culturas a través del mundo". Bustamante. http://www.rupestreweb.info/pareidolia2.htm
A apofenia permite compreender o mecanismo psicológico mediante o qual determinadas formas sugerem ao observador relações que poderiam explicar em parte a origem de lendas e cosmogonias de diversas culturas.
Na foto encontra-se o caso mais famoso de pareidoloia: a cara na região de Cydonia Mensa em Marte fotografada pela sonda Viking 1 Orbiter.

"Justiça extrema é injustiça".
Cícero



ARTEFACTO

Artefacto, s.m. (de arte+facto). Objecto, obra de arte, ou qualquer trabalho produzido pelas artes mecânicas. Artefacto, adj. Fingido com arte ou astúcia; artificial. São estes os dois significados que encontro no Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de 1981, coordenado por José Pedro Machado.

Mas, pelos vistos há mais:
Um artefacto cultural é um objecto feito pelo homem e que fornece informações sobre a sua cultura. O artefacto pode mudar ao longo do tempo. A classificação sobre quando, como e porque ele é usado como uma cultura também pode mudar com o tempo, dependendo de novas descobertas.
O uso do termo artefacto engloba o tipo de artefacto arquelógico, que é recuperado num sítio arqueológico; no entanto, os objetos criados pelo homem na sociedade moderna também são artefactos culturais. Por exemplo, em um contexto antropológico, uma televisão é um artefacto da cultura moderna.

Em arquelogia, o artefacto é qualquer objecto feito ou modificado pelo homem, que dê evidência da actividade e da vida desse homem. Muitas vezes, tais artefactos foram recuperados mais tarde pelo esforço de alguns arqueólogos.
Exemplos de artefactos podem incluir itens tais como ferramentas de pedra ou ruínas de construções. Também incluem cerâmica, vasos, objectos metálicos e elementos de adorno pessoal, como jóias e de vestuário e outros.

Artefacto em ciências da computação, é o produto de uma ou mais atividades dentro do contexto do desenvolvimento de um software ou sistema.

Artefacto em ciências experimentais, é um resultado de uma experiência que não poderia acontecer naturalmente e que foi causado por um método de experimentação errado.

Como imagem deixo um dos mais misteriosos e ainda indecifrados artefactos arqueológicos, que é o Disco de Phaistos, datado do final da era de bronze Minóica e que está em exibição no museu arqueológico de Iraklion em Creta, na Grécia. Ainda não há uma interpretação do "texto" do Disco de Phaistos plenamente aceite pela comunidade científica. Ele continua a ser o mais antigo enigma linguístico não decifrado pelo ser humano.

"Triste não é mudar de ideia. Triste é não ter ideia para mudar."
Francis Bacon

Sunday, January 27, 2008


CASTROS

Há algumas semanas passei uns dias pelo Minho e passando na Póvoa de Lanhoso, visitei o célebre roqueiro onde se encontra o castelo, que segundo a lenda, albergou D. Teresa, mãe do nosso primeiro rei, que para aí terá sido desterrada após a derrota na batalha de S. Mamede que nos iria garantir a nacionalidade. Existe outra lenda ligada ao castelo, bem mais tenebrosa: sendo seu alcaide Gonçalves Pereira de Barredo e ausentando-se por duas semanas, quando voltou teraá encontrado a mulher em adultério flagrante com um frade de Bouro, seu confessor. Louco de raiva mandou o alcaide trancar o castelo e deitar-lhe fogo, queimando vivos todos os que lá se encontravam pois os considerava cúmplices do adultério, sabendo o que se passava e sem nada lhe denunciarem...

Mas, lendas à parte lá fomos subindo até ao castelo, passando sensivelmente a meia encosta pelos vestígios do castro de Lanhoso ou "Laginoso", um núcleo de estruturas bem conservadas e sinalizadas, dispondo de uma área de estacionamento e sinalização vertical que disponibiliza informações ácerca do local e uma planta detalhada das ruínas.

Mais acima, ao chegar ao castelo deparamos com um prequeno núcleo museológico, muito bem organizado onde nos foi permitido observar e fotografar o capacete de bronze em excelente estado de conservação, contemporâneo da cultura castreja e que vale a pena observar.

Foi aqui que juntamente com a bibliografia sobre as terras e o castelo de Lanhoso, encontrei uma obra de rara beleza e singularidade por quem se interessa pela cultura castreja. Trata-se do "Guia dos Castros da Galiza e Noroeste de Portugal" editado pela ADRAVE (agência de Desenvolvimento Regional do Vale do ave, S.A.) em Junho de 2006 com uma tiragem de 750 exemplares, integrado no projecto CASTRENOR (Cultura Castreja do Noroeste Peninsular, formada pela Adrave, Universidade do Minho, Câmara Municipal de Monção e Xunta de Galicia). É uma publicação excelente que como dizem os seus autores "tem uma virtude inegável: pela primeira vez podem-se encontrar, numa única publicação, castros de ambos os lados da actual linha divisória entre a Galiza e Portugal. Nesse sentido constitui um avanço importante sobre outras publicações precedentes por explicitar, de forma conjunta, a realidade cultural que, há mais de 2000 anos, esteve presente nos nossos territórios."


"O livro é um mestre que fala mas que não responde"

Platão

Tuesday, January 22, 2008


CONTORCIDO, adj.

(de contorcer). Que sofreu contorção; serpenteado, dobrado. // Que sofreu desvio ou modificação (em sentido próprio e figurado). Como sempre, fui ao Grande Dicionário da Língua Portuguesa de 1981 buscar estes significados, mas pode haver outros. Por exemplo na micro anatomia do rim aquilo que em Portugal se chama tubo contornado proximal (e distal) no Brasil tem o nome de túbulo contorcido proximal (e distal)

CALEIDOCICLOS CONTORCIDOS: O desenho de motivos entrelaçados usados para esses caleidociclos (desenhos periódicos), baseia-se numa rede de rectângulos. Para cobrir o caleidociclo contorcido, sobrepôs-se ao desenho periódico uma rede obliqua de triângulos, de forma que as arestas do topo e da base, assim como as da direita e da esquerda, condissessem uma as com as outras. Os retângulos no padrão original determinam o comprimento das arestas dos triângulos e os seus ângulos de inclinação. Quando girar este caleidociclo contorcido, verá as figuras cambalearem num ciclo infinito.

Tal como os caleidociclos, conhecemos ao longo da nossa vida pessoas oblíquas e contorcidas que cambaleiam pela vida num ciclo indefinido.


"A melhor resposta às calúnias é o silêncio"

Benjamim Jonson

Sunday, January 20, 2008

PAISICAICOI IIACINS





Volto às minhas origens, vamos esclarecer um pouco mais sobre a inscrição rupestre das Corgas Roçadas, no lugar da Torre, freguesia de Carvalhal de Vermilhas, concelho de Vouzela. A sua importância epigráfica foi reforçada em 1997 aquando do II Simpósio Ibero-Itálico de Epigrafia Rupestre que decorreu em Viseu, altura em que "fui" admirado numa visita efectuada pelos participantes no dito Simpósio. Uma das figuras que "me" tem mostrado ao mundo é o ilustre arqueólogo do Centro de Viseu da Universidade Católica, Prof. J. L. Inês Vaz, com algumas comunicações e trabalhos científicos na área da epigrafia na Civitas de Viseu, a que farei referência na pequena resenha bibliográfica, no final deste texto. No recente Inventário do Património Arquitectónico e Arquelógico do Concelho de Vouzela, na referência a Paisicaico diz-se que o seu significado é desconhecido. José d'Encarnação, Prof. do Instituto de Arqueologia da Universidade de Coimbra, faz referência a Paisicaico em diversas publicações, como podendo ser uma divindade indígena e assim venerada naquele local. Outras interpretações têm sido aventadas e algumas bem curiosas: fui encontrar aos arquivos do Notícias de Vouzela dois artigos muito interessantes publicados nas edições dos dias 1 de Junho e 16 de Setembro de 1955, com honras de primeira página, já lá vai mais de meio século. Estes artigos faziam referência a uma excursão arqueológica ao Caramulo fazendo referência a Três notáveis inscrições inéditas do concelho de Vouzela; desta excursão faziam parte, como arqueólogos o Prof. Moreira de Figueiredo e a arquitecto Rogério de Azevedo, ilustre Prof. da Escola de Belas Artes do Porto. Na edição de 1 de Junho de 1955 fala-se de uma possível tradução daquelas palavras pelo Prof. Rogério de Azevedo como: ..."Ensina as crianças a lutar contra o inimigo, mesmo descansando. A acção agrada à juventude"... A interpretação de Rogério de Azevedo, publicada já na edição de 16 de Setembro diz ... à falta de caracteres gregos, será assim: PLIS (chrones) IK (anousi) LICH (n) OI PACHI (o) N (e) S... cuja versão dá: "Eis que se aproximam os ávidos glutões mais fartos" ou "Eis que vêm mais fartos os ávidos glutões". Era interessante ter outras opiniões, mais quaisquer que elas sejam Paisicaico será sempre para mim PAISICAICOI IIACINS.








automaticnetwork.com/cm-vouzela/planeamento/Inventário_Patrimonio.pdf

www.educa.jcyl.es/educacyl/cm/images?idMmedia=56108


Divindades Indígenas sob o Domínio Romano em Portugal (Subsídios para o seu Estudo), Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 1975 - José d'Encarnação


Inscrições Romanas do Conventus Pacensis - Subsídios para o Estudo da Romanização, 2 volumes, Coimbra, 1984 - José d'Encarnação


Divindades Indígenas da Lusitânia, Conímbriga vol. XXVI, 1987 - José d'Encarnação
Saxa Scripta na Civitas de Viseu: Algumas notas, Máthesis, Viseu 4. João L Inês Vaz
Notícias de Vouzela, Ano XXI, 1 de Junho de 1955
Notícias de Vouzela, Ano XXI, 16 de Setembro de 1955







Tuesday, January 08, 2008




ARQUEOLAFÕES III
Anta pintada de Antelas




A anta pintada de Antelas ou dolmen de Antelas é um dos principais monumentos megalíticos de Lafões e pela suas características únicas de estar toda a sua superfície interior coberta por pinturas rupestres e estar a sua mamoa bastante bem preservada torna-se um monumento ímpar em relação aos seus congéneres. Amorim Girão descreve-a nas suas Antiguidades Pré-Históricas de Lafões, em 1921 assim: ...A antela completa é formada por nove grandes lajes de granito, de aproximadamente três metros de altura. A laje voltada a poente dispõe-se verticalmente sobre oe solo, e as outras, à medida que se encostam umas às outras, vão-se também tornando oblíquas, a ponto de as lajes voltadas a nascente chegarem a formar com o solo um ângulo de cerca de 45º. A secção horizontal, que à superfície é aproximadamente circular, de 1,50 metros de diâmetro, torna-se na base elíptica ou oval, com 3,50 metros na direcção do seu eixo maior; as lajes de forma grosseiramente triangular com o vértice voltado para cima e com uma espessura que regula por 0,20 metros, encostam-se, como dissemos, umas contra as outras, por tal forma que a falta de uma delas comprometeria fatalmente a estabilidade do conjunto. O todo encontra-se, na sua quasi totalidade, envolvido por mamoa formada da terra e pequenas pedras, com cerca de 10 metros de raio... Uma coisa singular notámos nesta antela: as lajes, alisadas na face interna, apresentam uns vivos desenhos em xadrez, a ocre vermelho, estando a tinta perfeitamente conservada, mesmo na parte mais directamente exposta à intempérie... O arqueólogo francês Marc Devignes chama-lhe o Lascaux do megalitismo (a imagem é bonita e aplica-se bem ao monumento e tem um maior significado por ter sido um francês a dizê-lo e mais, a escrevê-lo pois Lascaux fica em França e Antelas em Portugal... Todo o conjunto é interessantíssimo e merece uma visita. Deixo uma fotografia (do autor destas linhas, de 1996) da figura antropomórfica desenhada no esteio da cabeceira a vermelho e negro cuja datação pelo Carbono 14, a situa numa franja entre 3.625 e 3.140 a. C.
"Existir não é pensar: é ser lembrado"
Teixeira de Pascoaes