![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnY6F-b1-mUK_GYy9AGzZNdNx0ZU611rJfmfmJ5vnCYqqiq92OBiX95MK0XIk2Fn_mx4tfY7wlVwHcTOMOJu7ughdp5Y7dlVsmpIBGBW5OZ949h9Zjh5tWId1JfFgLd7EOJwN5/s320/DSC05796.jpg)
DA MINHA JANELA VII
Embalado com os "textos" que vou vendo Da minha janela, vou agora até Lisboa, há muitos anos atrás, num dia de Sporting-Benfica.
Benfica-Sporting
Esta história passou-se há alguns anos, num fim de tarde de domingo, talvez em Setembro ou Outubro, já não me lembro bem.
Estava eu no fim de um dia de urgência no hospital, ainda calmo, talvez porque o dia esteve bom e as pessoas foram para a praia, talvez porque fosse dia de Benfica-Sporting…
Chega então um senhor (e disto já me lembro bem), dos seus 40 anos, muito aflito, com sensação de falta de ar, aperto no peito, e que apontava com gestos frenéticos para qualquer sítio no fundo da sua garganta que não o deixava engolir nem mesmo respirar. Quanto ao engolir era bem verdade mas em relação ao respirar era o natural exagero de quem estava extremamente ansioso, até porque além do mais o seu clube tinha acabado de perder e logo com o grande rival, ainda por cima logo no início do campeonato. Era demais para um dia de domingo que estava a ser tudo, menos um dia de descanso entre duas semanas de trabalho no reinício do ano, após as férias de verão.
Perante este quadro, e a dificuldade até em falar do pobre homem, um amigo que o acompanhava começou a contar o que havia então sucedido:
- Eram cerca de quatro da tarde e preparávamo-nos para ir para o estádio ver o jogo que começava às sete e um quarto. Como sempre, fomos um pouco mais cedo para morder o ambiente e beber umas cervejas antes de começar a bola. Ora, este meu amigo teve a brilhante ideia de ir comer uma sandes de courato e lá nos dirigimos para a roulotte que ele entendeu mais apropriada para o apronto. Eu fiquei-me por uma bifana e uma sagres e aqui o rapaz – disse, dando-lhe uma palmada nas costas que o fez estremecer – emborcou duas cervejas e uma sandes de courato quase inteira de uma só dentada. A partir daí foi um ai Jesus, ai que não consigo engolir, ai que me falta o ar, ai que me dói o peito e um sem número de outros ais que não importa estar aqui a repetir (…), até chegarmos aqui para o doutor ver se lhe tira o mal do peito.
- Vamos então fazer uma radiografia para ver o que temos aí dentro, que eu próprio estou curioso.
A radiografia mostrava realmente, entre a garganta e o estômago uma série de ténues imagens que podiam corresponder a pedaços de courato da maldita sandes em dia de Benfica-Sporting.
O problema foi resolvido facilmente com um exame simples, com anestesia geral e, no dia seguinte, após beber um chazinho frio sem dificuldade, o senhor Antunes – lembro-me agora do nome dele – teve alta, jurando a pés juntos que nunca mais comia sandes de courato.
Passaram os anos e no dia de um grande jogo de futebol a que eu ia assistir, parei como tanta gente, numa daquelas roulottes para confortar o estômago antes do jogo, e ouço ao meu lado uma voz que me fez voltar alguns anos atrás:
- Por favor, era uma sandes de courato e uma sagres…
Esta história passou-se há alguns anos, num fim de tarde de domingo, talvez em Setembro ou Outubro, já não me lembro bem.
Estava eu no fim de um dia de urgência no hospital, ainda calmo, talvez porque o dia esteve bom e as pessoas foram para a praia, talvez porque fosse dia de Benfica-Sporting…
Chega então um senhor (e disto já me lembro bem), dos seus 40 anos, muito aflito, com sensação de falta de ar, aperto no peito, e que apontava com gestos frenéticos para qualquer sítio no fundo da sua garganta que não o deixava engolir nem mesmo respirar. Quanto ao engolir era bem verdade mas em relação ao respirar era o natural exagero de quem estava extremamente ansioso, até porque além do mais o seu clube tinha acabado de perder e logo com o grande rival, ainda por cima logo no início do campeonato. Era demais para um dia de domingo que estava a ser tudo, menos um dia de descanso entre duas semanas de trabalho no reinício do ano, após as férias de verão.
Perante este quadro, e a dificuldade até em falar do pobre homem, um amigo que o acompanhava começou a contar o que havia então sucedido:
- Eram cerca de quatro da tarde e preparávamo-nos para ir para o estádio ver o jogo que começava às sete e um quarto. Como sempre, fomos um pouco mais cedo para morder o ambiente e beber umas cervejas antes de começar a bola. Ora, este meu amigo teve a brilhante ideia de ir comer uma sandes de courato e lá nos dirigimos para a roulotte que ele entendeu mais apropriada para o apronto. Eu fiquei-me por uma bifana e uma sagres e aqui o rapaz – disse, dando-lhe uma palmada nas costas que o fez estremecer – emborcou duas cervejas e uma sandes de courato quase inteira de uma só dentada. A partir daí foi um ai Jesus, ai que não consigo engolir, ai que me falta o ar, ai que me dói o peito e um sem número de outros ais que não importa estar aqui a repetir (…), até chegarmos aqui para o doutor ver se lhe tira o mal do peito.
- Vamos então fazer uma radiografia para ver o que temos aí dentro, que eu próprio estou curioso.
A radiografia mostrava realmente, entre a garganta e o estômago uma série de ténues imagens que podiam corresponder a pedaços de courato da maldita sandes em dia de Benfica-Sporting.
O problema foi resolvido facilmente com um exame simples, com anestesia geral e, no dia seguinte, após beber um chazinho frio sem dificuldade, o senhor Antunes – lembro-me agora do nome dele – teve alta, jurando a pés juntos que nunca mais comia sandes de courato.
Passaram os anos e no dia de um grande jogo de futebol a que eu ia assistir, parei como tanta gente, numa daquelas roulottes para confortar o estômago antes do jogo, e ouço ao meu lado uma voz que me fez voltar alguns anos atrás:
- Por favor, era uma sandes de courato e uma sagres…
No comments:
Post a Comment