Saturday, September 27, 2008


NÉMESIS II




Não era da némesis copépode que eu estava a pensar, antes de olhar para o dicionário, mas da verdadeira Némesis, deusa grega da ética. Nêmesis representa a força encarregada de abater toda a desmesura (Hibrys), como o excesso de felicidade de um mortal, ou o orgulho. Essa é uma concepção fundamental do espírito helênico: "Tudo que se eleva acima da sua condição, tanto no bem quanto no mal, expõe-se a represálias dos deuses. Tende, com efeito, a subverter a ordem do mundo, a pôr em perigo o equilibrio universal e, por isso, tem de ser castigado, se se pretende que o universo se mantenha como é". Nêmesis é também chamada "a inevitável". Actualmente, o termo némesis é usado para descrever o pior inimigo de uma pessoa, normalmente alguém ou algo que é exatamente o oposto de si mas que é, também, de algum modo muito semelhante a si. Por exemplo, o Professor Moriarty é frequentemente descrito como a némesis de Sherlock Holmes. É algo como o seu arqui-inimigo, algo que o anula, mas nutre-lhe um grande respeito e admiração. Considerada também por alguns como deusa da vingança ou como a personificação da indignação moral. Como exemplo da acção de Némesis, temos a história de Narciso, que era o belo filho do rio Cephissus e da ninfa Liriope e era tal a sua beleza que as mulheres olhavam uma vez para ele e logo se apaixonavam; o vão Narciso só tinha olhos para si próprio e rejeitava todos os admiradores. Némesis condenou então Narciso a passar o resto da sua vida admirando o seu reflexo nas águas de uma piscina e eventualmente Narciso morreu e foi transformado na flor que tem o seu nome. Também chamada Andrasteia ou Rhamnusia, devido ao seu santuário em Rhamnus na Ática, onde era a defensora das relíquias e memórias dos mortos, do insulto e da injúria; na mitologia grega é o espírito da retribuição divina e da fé vingativa, personificad por alguns por uma deusa sem remorsos.


"Não há maior vingança do que o esquecimento"
Baltasar Gracián y Morales

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