Tuesday, January 08, 2008




ARQUEOLAFÕES III
Anta pintada de Antelas




A anta pintada de Antelas ou dolmen de Antelas é um dos principais monumentos megalíticos de Lafões e pela suas características únicas de estar toda a sua superfície interior coberta por pinturas rupestres e estar a sua mamoa bastante bem preservada torna-se um monumento ímpar em relação aos seus congéneres. Amorim Girão descreve-a nas suas Antiguidades Pré-Históricas de Lafões, em 1921 assim: ...A antela completa é formada por nove grandes lajes de granito, de aproximadamente três metros de altura. A laje voltada a poente dispõe-se verticalmente sobre oe solo, e as outras, à medida que se encostam umas às outras, vão-se também tornando oblíquas, a ponto de as lajes voltadas a nascente chegarem a formar com o solo um ângulo de cerca de 45º. A secção horizontal, que à superfície é aproximadamente circular, de 1,50 metros de diâmetro, torna-se na base elíptica ou oval, com 3,50 metros na direcção do seu eixo maior; as lajes de forma grosseiramente triangular com o vértice voltado para cima e com uma espessura que regula por 0,20 metros, encostam-se, como dissemos, umas contra as outras, por tal forma que a falta de uma delas comprometeria fatalmente a estabilidade do conjunto. O todo encontra-se, na sua quasi totalidade, envolvido por mamoa formada da terra e pequenas pedras, com cerca de 10 metros de raio... Uma coisa singular notámos nesta antela: as lajes, alisadas na face interna, apresentam uns vivos desenhos em xadrez, a ocre vermelho, estando a tinta perfeitamente conservada, mesmo na parte mais directamente exposta à intempérie... O arqueólogo francês Marc Devignes chama-lhe o Lascaux do megalitismo (a imagem é bonita e aplica-se bem ao monumento e tem um maior significado por ter sido um francês a dizê-lo e mais, a escrevê-lo pois Lascaux fica em França e Antelas em Portugal... Todo o conjunto é interessantíssimo e merece uma visita. Deixo uma fotografia (do autor destas linhas, de 1996) da figura antropomórfica desenhada no esteio da cabeceira a vermelho e negro cuja datação pelo Carbono 14, a situa numa franja entre 3.625 e 3.140 a. C.
"Existir não é pensar: é ser lembrado"
Teixeira de Pascoaes

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